Por: Bruna Kurth, Fernanda Novaes e Julyana Dal’Bó
O Brasil teve, em 2015, recorde no número de pessoas em tratamento de HIV e Aids: 81 mil brasileiros começaram a tomar medicação no ano passado, o que representa um aumento de 13% em relação a 2014, quando 72 mil pessoas aderiram aos remédios. De 2009 a 2015, o número de pessoas em tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentou 97%, passando de 231 mil para 455 mil. Isso significa que, em seis anos, o país praticamente dobrou o número de brasileiros que fazem uso de antirretrovirais.
Os dados mostram que os tratamentos e medicamentos para Aids demonstram significativa evolução, quando comparados aos da década de 1980, período em que a doença era considerada sentença de morte. “Hoje vive-se muito bem com HIV. Costumo dizer que só morre de Aids no Brasil quem quer", diz especialista em Infectologia pela Sociedade Brasileira de Neurologia e infectologista do Hospital das Clínicas e Hospital Nossa Senhora das Graças, Mônica Gomes da Silva.
Esse cenário oferece a possibilidade de o paciente aumentar a imunidade, fazendo com que tenha uma vida normal e saudável. “Com o tratamento, o paciente controla o vírus, sim. O uso adequado do medicamento, escolhido corretamente pelo médico, leva a um cenário de carga viral ‘indetectável’ no sangue, que corresponde ao controle adequado da doença”, explica a infectologista.
Tratamento evoluiu de "coquetéis" a um único comprimido
Durante muito tempo, o tratamento consistia na administração diária dos chamados “coquetéis”, que eram combinações de vários comprimidos que, juntos, combatiam os sintomas da doença. Somente sete anos após os primeiros casos de Aids, é lançado o AZT, também conhecido como zidovudina, um fármaco utilizado como antirretroviral e uma das primeiras drogas aprovadas para o tratamento no Brasil. Nesse momento, iniciou-se uma nova maneira de tratar a doença.
Com a criação do primeiro programa de controle da Aids no Brasil – Programa da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, em 1984 – e, posteriormente, com o surgimento do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, em 1986, começa uma nova abordagem do vírus e de suas consequências. Essa fase marca o início do reforço das medidas de prevenção em conjunto com novos medicamentos criados e ofertados pela indústria farmacêutica.
Atualmente, os remédios demonstram ser mais toleráveis e seguros. “Há, inclusive, um único comprimido ao dia, com formulação de três medicamentos antivirais para tratamento da infecção”, explica Mônica.
Apesar dos avanços, não foram comprovados tratamentos ou vacinas que pudessem eliminar a doença. Sendo assim, o tratamento para a infeção com HIV consiste numa ação terapêutica antirretrovírica permanente.
Informação é fundamental
Além dos procedimentos e medicamentos específicos para o tratamento da Aids, mais alternativas foram surgindo e, hoje, contribuem significativamente para o bem-estar dos pacientes. Entre elas, está o poder da informação. “Qualquer tipo de informação ajuda, ainda mais para pessoas que não têm acesso fácil aos riscos e condições da doença. Quanto mais você entende, mais consciente você se torna e mais propaga informações”, defende a psicóloga Nathalie Pavese.
São diversos os recursos usados pelas equipes de combate à doença para que informações circulem: flyers, palestras, cartazes e, especialmente, veículos de mídia. Tais ferramentas podem desempenhar um importante papel junto aos públicos mais expostos à contaminação. "Eu contraí HIV em 1994, porque era usuário de drogas injetáveis e não tinha informação: dividíamos seringas. Daquela época, muitos amigos morreram, e, por isso, eu me sinto hoje um remanescente”, conta Reginaldo Zanão.
Mônica afirma que “devemos melhorar o acesso das pessoas à informação segura e real, para acabar com ‘lendas’ e mitos sobre o HIV”. A Rede Nacional de Pessoas Vivendo com AIDS (RNP), formada há 10 anos por um grupo de pessoas soropositivas, é exemplo de iniciativa em que a informação é vital para o tratamento. “Aqui, nós acolhemos não só aqueles que têm o vírus, mas também os familiares e amigos, tirando dúvidas, medos, falando sobre como é viver com HIV e Aids e mostrando que é possível ter qualidade de vida, mesmo aderindo aos medicamentos”, explica Maria do Socorro, colaboradora da ONG.
O acompanhamento psicológico também evoluiu e se tornou peça-chave no sucesso do tratamento. “Tentamos apenas reforçar a disciplina que a pessoa precisa ter para se manter saudável. Crianças têm mais dificuldade para lidar com essa questão de horários e obrigações, mas, no final, se você fizer o paciente ter consciência da própria condição, ele se esforçará mais para manter-se bem”, conta a psicóloga Nathalie Pavese.
Serviço: Estado oferece assistência
Portadores do vírus dispõem de serviços prestados pelas redes de assistência. Em nível nacional, há 517 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e 712 Serviços de Assistência Especializada (SAE). Nestas unidades de saúde, encontram-se profissionais que podem auxiliar tanto no tratamento psicológico quando físico da doença.
Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, hoje, gratuitamente, 22 medicamentos para os pacientes soropositivos.
O Brasil teve, em 2015, recorde no número de pessoas em tratamento de HIV e Aids: 81 mil brasileiros começaram a tomar medicação no ano passado, o que representa um aumento de 13% em relação a 2014, quando 72 mil pessoas aderiram aos remédios. De 2009 a 2015, o número de pessoas em tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentou 97%, passando de 231 mil para 455 mil. Isso significa que, em seis anos, o país praticamente dobrou o número de brasileiros que fazem uso de antirretrovirais.
Os dados mostram que os tratamentos e medicamentos para Aids demonstram significativa evolução, quando comparados aos da década de 1980, período em que a doença era considerada sentença de morte. “Hoje vive-se muito bem com HIV. Costumo dizer que só morre de Aids no Brasil quem quer", diz especialista em Infectologia pela Sociedade Brasileira de Neurologia e infectologista do Hospital das Clínicas e Hospital Nossa Senhora das Graças, Mônica Gomes da Silva.
Esse cenário oferece a possibilidade de o paciente aumentar a imunidade, fazendo com que tenha uma vida normal e saudável. “Com o tratamento, o paciente controla o vírus, sim. O uso adequado do medicamento, escolhido corretamente pelo médico, leva a um cenário de carga viral ‘indetectável’ no sangue, que corresponde ao controle adequado da doença”, explica a infectologista.
Tratamento evoluiu de "coquetéis" a um único comprimido
Durante muito tempo, o tratamento consistia na administração diária dos chamados “coquetéis”, que eram combinações de vários comprimidos que, juntos, combatiam os sintomas da doença. Somente sete anos após os primeiros casos de Aids, é lançado o AZT, também conhecido como zidovudina, um fármaco utilizado como antirretroviral e uma das primeiras drogas aprovadas para o tratamento no Brasil. Nesse momento, iniciou-se uma nova maneira de tratar a doença.
Com a criação do primeiro programa de controle da Aids no Brasil – Programa da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, em 1984 – e, posteriormente, com o surgimento do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, em 1986, começa uma nova abordagem do vírus e de suas consequências. Essa fase marca o início do reforço das medidas de prevenção em conjunto com novos medicamentos criados e ofertados pela indústria farmacêutica.
Atualmente, os remédios demonstram ser mais toleráveis e seguros. “Há, inclusive, um único comprimido ao dia, com formulação de três medicamentos antivirais para tratamento da infecção”, explica Mônica.
Apesar dos avanços, não foram comprovados tratamentos ou vacinas que pudessem eliminar a doença. Sendo assim, o tratamento para a infeção com HIV consiste numa ação terapêutica antirretrovírica permanente.
Informação é fundamental
Além dos procedimentos e medicamentos específicos para o tratamento da Aids, mais alternativas foram surgindo e, hoje, contribuem significativamente para o bem-estar dos pacientes. Entre elas, está o poder da informação. “Qualquer tipo de informação ajuda, ainda mais para pessoas que não têm acesso fácil aos riscos e condições da doença. Quanto mais você entende, mais consciente você se torna e mais propaga informações”, defende a psicóloga Nathalie Pavese.
São diversos os recursos usados pelas equipes de combate à doença para que informações circulem: flyers, palestras, cartazes e, especialmente, veículos de mídia. Tais ferramentas podem desempenhar um importante papel junto aos públicos mais expostos à contaminação. "Eu contraí HIV em 1994, porque era usuário de drogas injetáveis e não tinha informação: dividíamos seringas. Daquela época, muitos amigos morreram, e, por isso, eu me sinto hoje um remanescente”, conta Reginaldo Zanão.
Mônica afirma que “devemos melhorar o acesso das pessoas à informação segura e real, para acabar com ‘lendas’ e mitos sobre o HIV”. A Rede Nacional de Pessoas Vivendo com AIDS (RNP), formada há 10 anos por um grupo de pessoas soropositivas, é exemplo de iniciativa em que a informação é vital para o tratamento. “Aqui, nós acolhemos não só aqueles que têm o vírus, mas também os familiares e amigos, tirando dúvidas, medos, falando sobre como é viver com HIV e Aids e mostrando que é possível ter qualidade de vida, mesmo aderindo aos medicamentos”, explica Maria do Socorro, colaboradora da ONG.
O acompanhamento psicológico também evoluiu e se tornou peça-chave no sucesso do tratamento. “Tentamos apenas reforçar a disciplina que a pessoa precisa ter para se manter saudável. Crianças têm mais dificuldade para lidar com essa questão de horários e obrigações, mas, no final, se você fizer o paciente ter consciência da própria condição, ele se esforçará mais para manter-se bem”, conta a psicóloga Nathalie Pavese.
Serviço: Estado oferece assistência
Portadores do vírus dispõem de serviços prestados pelas redes de assistência. Em nível nacional, há 517 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e 712 Serviços de Assistência Especializada (SAE). Nestas unidades de saúde, encontram-se profissionais que podem auxiliar tanto no tratamento psicológico quando físico da doença.
Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, hoje, gratuitamente, 22 medicamentos para os pacientes soropositivos.